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Uso de dispositivos eletrônicos por crianças: saúde mental, limites e o impacto no desenvolvimento

A pediatra e hebiatra Cíntia Filomena alerta que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos tem gerado impactos alarmantes na saúde mental de crianças e adolescentes

Redação
Por: Redação
22/01/2025 às 18h18
Uso de dispositivos eletrônicos por crianças: saúde mental, limites e o impacto no desenvolvimento
Foto Divulgação

 

No início deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos em escolas públicas e privadas de educação básica em todo o Brasil. A medida proíbe o uso desses aparelhos durante as aulas e intervalos, exceto em situações pedagógicas ou emergenciais. Nos Estados Unidos, estados como Utah e Flórida também adotaram regras semelhantes para limitar o acesso de menores a redes sociais, refletindo preocupações globais com o impacto das telas na saúde mental e no desempenho escolar.

A pediatra e hebiatra Cíntia Filomena alerta que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos tem gerado impactos alarmantes na saúde mental de crianças e adolescentes. "O tempo prolongado em frente às telas está diretamente ligado ao aumento de casos de ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas. Além disso, interfere na qualidade do sono, essencial para o desenvolvimento emocional e cognitivo", explica.

Impactos na saúde mental e no desempenho acadêmico

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de 5 a 17 anos limitem o tempo de tela recreativa a duas horas diárias. Apesar disso, pesquisas mostram que muitos ultrapassam essa recomendação, aumentando os riscos de transtornos psicológicos. Segundo a Unicef, 36% dos adolescentes brasileiros relatam ansiedade e estresse associados ao uso de redes sociais. Além disso, dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) revelam que alunos que passam mais de cinco horas diárias conectados têm desempenho escolar significativamente inferior.

"Não se trata apenas de limitar o tempo de uso, mas também de supervisionar o conteúdo acessado. Os pais precisam estabelecer momentos de convivência sem telas, como durante refeições e antes de dormir, para fortalecer os laços familiares e reduzir os impactos negativos", ressalta a doutora Cíntia Filomena.

Cyberbullying: um problema urgente

O cyberbullying, ou bullying virtual, afeta cerca de 20% dos adolescentes, segundo levantamento da Unicef. Essa prática, que ocorre em redes sociais, aplicativos de mensagens e jogos online, pode ter impactos devastadores, como isolamento, ansiedade e, em casos extremos, risco de suicídio. "Pais e educadores devem observar mudanças comportamentais, como retraimento ou irritabilidade, que podem indicar que a criança está sofrendo cyberbullying", orienta a doutora Cíntia Filomena. Ela recomenda diálogo aberto e busca de ajuda profissional para lidar com essas situações.

Prevalência: De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019, 13,2% dos estudantes brasileiros de 13 a 17 anos relataram ter sido vítimas de cyberbullying nos 30 dias anteriores à pesquisa.
Grupos mais afetados: Adolescentes do sexo feminino (16,2%), filhos de mães sem escolaridade (16,2%) e estudantes de escolas públicas (13,5%).
Fatores de risco: Jovens que sofrem agressões dos pais (22,6%), têm pouca supervisão parental (18,1%) ou relatam tristeza frequente (17%) apresentam maior incidência.
Impactos na saúde mental:
As vítimas de cyberbullying frequentemente desenvolvem ansiedade, depressão, pensamentos suicidas e baixa autoestima. "Muitos jovens vítimas de bullying virtual se retraem socialmente e apresentam dificuldades acadêmicas. É essencial que pais e educadores estejam atentos a mudanças de comportamento", alerta Cíntia Filomena.

Prevenção e combate:
A conscientização digital, o diálogo aberto entre famílias, educadores e estudantes, e políticas escolares de prevenção são fundamentais para enfrentar o problema. "Oferecer apoio psicológico às vítimas e promover a empatia nos jovens são passos cruciais", finaliza a especialista.

O que é a hebiatria?
A hebiatria é a especialidade médica voltada para o cuidado de adolescentes, considerando as mudanças físicas, emocionais e sociais dessa fase. "O hebiatra tem um papel fundamental em orientar jovens e suas famílias, promovendo saúde integral e ajudando-os a enfrentar os desafios próprios da adolescência", explica Cíntia Filomena.

Com medidas legislativas e orientações médicas, o uso equilibrado de dispositivos eletrônicos é essencial para proteger a saúde mental e o bem-estar de crianças e adolescentes.

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